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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Quais super-heróis já morreram (e ressuscitaram)?



          Praticamente todos os mais importantes - incluindo Thor, Capitão América e Lanterna Verde, que estarão nos cinemas este ano. Matar personagens se tornou um hábito comum para alavancar as vendas das HQs nos EUA. O recurso também é usado para tentar atrair novos leitores para as revistas, geralmente criando uma versão mais jovem, moderna ou polêmica do mesmo herói. Em 2007, por exemplo, a Marvel matou o Capitão América original (Steve Rogers) para substituí-lo por uma nova variante (Bucky Barnes), que não tem medo de despachar os inimigos à bala. Já as ressurreições também estimulam as vendas e servem para aplacar a ira de fãs que querem ver os personagens "veteranos" de volta à ativa.
COVA RASAUma linha do tempo com os heróis que já foram para o lado de lá (e voltaram para contar)JEAN GREY
PERÍODO NO ALÉM Cinco anos e quatro meses
COMO MORREU Dominada pela entidade maligna Fênix Negra, se suicidou com uma arma alienígena
SUBSTITUÍDA POR Ninguém
COMO VOLTOU Na verdade, ela estava em estado vegetativo no fundo do mar. A Fênix não tinha tomado seu corpo, e sim utilizado-o como molde para criar uma duplicata
ROBIN (JASON TODD)
PERÍODO NO ALÉM 17 anos e quatro meses
COMO MORREU Em uma explosão provocada pelo Coringa
SUBSTITUÍDO POR Outro Robin (Tim Drake)
COMO VOLTOU Em um evento cataclísmico, uma versão do Superboy provocou, sem querer, mudanças na linha do tempo. Nesse novo universo da editora DC, Jason Todd não havia morrido
SUPERMAN
PERÍODO NO ALÉM Nove meses
COMO MORREU Derrotado por Apocalypse, um ser indestrutível do planeta Krypton
SUBSTITUÍDO POR Quatro "herdeiros": Superboy, Aço, Erradicador e Cyborg COMO VOLTOU Seu corpo foi levado a uma matriz regeneradora kryptoniana no quartel-general do herói, a Fortaleza da Solidão, e lá ficou em animação suspensa até se recuperar
FLASH (BARRY ALLEN)
PERÍODO NO ALÉM 22 anos e cinco meses
COMO MORREU Esgotou sua energia criando um vórtex de velocidade para deter o vilão Anti-Monitor
SUBSTITUÍDO POR Outro Flash (Wally West)
COMO VOLTOU Sua energia não se dissipou: ficou esse tempo todo vibrando pela Força de Velocidade, a fonte mística que dá poder a todos os "rapidinhos" da editora DC Comics
LANTERNA VERDE (HAL JORDAN)
PERÍODO NO ALÉM Oito anos e quatro meses
COMO MORREU Depois de virar o vilão Parallax, se redimiu se sacrificando para reacender o Sol
SUBSTITUÍDO POR Outro Lanterna Verde (Kyle Rayner)
COMO VOLTOU Os atos genocidas do herói tinham sido motivados por um parasita alienígena. Outro personagem, Ganthet, guiou a alma do Lanterna de volta ao corpo
THOR
PERÍODO NO ALÉM Dois anos e nove meses
COMO MORREU Vítima do Ragnarok, o apocalipse da mitologia nórdica
SUBSTITUÍDO POR um clone incontrolável criado pelo Sr. Fantástico, mas por pouco tempo
COMO VOLTOU Seu martelo místico viajou à Terra e foi recolhido por Donald Blake, o antigo alter-ego humano de Thor, que ajudou o deus nórdico a sair do limbo e a ressuscitar outras divindades
CAPITÃO AMÉRICA (STEVE ROGERS)
PERÍODO NO ALÉM Dois anos e três meses
COMO MORREU Baleado por sua namorada, hipnotizada pelo vilão Caveira Vermelha
SUBSTITUÍDO POR Outro Capitão América (Bucky Barnes, antigo parceiro de Steve Rogers)
COMO VOLTOU A arma usada só o enviou para uma jornada no tempo (sim, igual ao Batman!). O Caveira resgatou seu corpo do fluxo temporal para usá-lo como um novo hospedeiro
BATMAN
PERÍODO NO ALÉM Um ano e um mês
COMO MORREU Desintegrado pelo raio ômega de Darkseid
SUBSTITUÍDO POR Outro Batman (o ex-Robin Dick Grayson)
COMO VOLTOU O corpo destruído pertencia a um clone. Bruce Wayne, alter-ego do herói, foi enviado sem memória pelo fluxo temporal (sim, igualzinho ao Capitão América!), de onde foi resgatado pela Liga da Justiça
Os mais novos heróis a baterem as botas? Tocha Humana, do Quarteto Fantástico (em janeiro) e a versão Ultimate do Homem- Aranha (em fevereiro)
FONTES sites Comic Book Vine, DC Comics Database, Marvel Comics Database, Marvel Universe.

sábado, 23 de julho de 2011

Quando começa a vida?



           Há pelo menos quatro linhas de pensamento para essa questão (veja a tabela abaixo). Foi o que se constatou no final de abril em uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) que confrontou representantes das diferentes correntes. A audiência aconteceu em função de uma ação movida pela Procuradoria Geral da República contra a Lei de Biossegurança, aprovada em 2005, que libera pesquisas com células-tronco de embriões humanos. Dependendo da opinião em relação ao início da vida, muda toda a lógica relacionada não só ao uso de células-tronco mas também a outras questões polêmicas, como o aborto. Apesar de a reunião no STF não ter sido conclusiva, um novo debate não está previsto. O ministro Carlos Ayres Britto, relator da ação, que ouviu os argumentos de cada grupo, agora redigirá seu parecer. Em seguida, com base no relatório do ministro, o STF decidirá se as pesquisas com células-tronco continuam ou não.
Democracia pré-natalDecidir quando a vida começa muda tudo em relação a questões polêmicas
Linhas de pensamento - Fecundação
Quando começa a vida? - Primeiro momento da gestação - entre 12 e 48 horas após a relação sexual - quando o espermatozóide penetra no óvulo
Opinião em relação ao aborto - Estas três correntes defendem que interromper a gravidez é um tipo de assassinato, pois coloca fim à vida de um ser humano. Por isso, acreditam que o aborto deve ser proibido e punido pela lei. A diferença é que os adeptos da primeira linha de pensamento crêem que interromper a gestação em qualquer etapa é aborto. As outras duas correntes consideram que só há aborto após a fixação do óvulo no útero
Pílula do dia seguinte - Não aceitam este método anticoncepcional. Assim como a Igreja Católica, acreditam que esse medicamento mata uma vida ao impedir que o embrião se fixe no útero
Pesquisa com células-tronco - Contrários ao uso de células-tronco embrionárias em pesquisas medicinais, mas a favor da manipulação decélulas-tronco adultas
Linhas de pensamento - Fixação do óvulo no útero
Quando começa a vida? - Entre o sétimo e o décimo dia da gestação, quando o embrião se "aconchega" nas paredes do órgão, onde vai se desenvolver nos nove meses seguintes
Opinião em relação ao aborto - Estas três correntes defendem que interromper a gravidez é um tipo de assassinato, pois coloca fim à vida de um ser humano. Por isso, acreditam que o aborto deve ser proibido e punido pela lei. A diferença é que os adeptos da primeira linha de pensamento crêem que interromper a gestação em qualquer etapa é aborto. As outras duas correntes consideram que só há aborto após a fixação do óvulo no útero
Pílula do dia seguinte - Aceitam, porque a pílula do dia seguinte atua justamente impedindo que o óvulo se fixe no útero. Portanto, as três correntes acreditam que, com este método contraceptivo, a gestação é interrompida antes do início da vida
Pesquisa com células-tronco - Apóiam o estudo de células-tronco embrionárias, porque acreditam que, no momento em que essas células são manipuladas, ainda não há vida. Nos países onde essas pesquisas são liberadas, o embrião deve ser congelado até o quinto dia após a fecundação, ou seja, antes do início da vida, segundo as três correntes
Linhas de pensamento - Formação do sistema nervoso
Quando começa a vida? - Por volta do 14º dia após a fecundação, quando o óvulo se torna um blastocisto e suas células começam a se definir: umas darão origem ao sistema digestivo, outras ao nervoso etc.
Opinião em relação ao aborto - Estas três correntes defendem que interromper a gravidez é um tipo de assassinato, pois coloca fim à vida de um ser humano. Por isso, acreditam que o aborto deve ser proibido e punido pela lei. A diferença é que os adeptos da primeira linha de pensamento crêem que interromper a gestação em qualquer etapa é aborto. As outras duas correntes consideram que só há aborto após a fixação do óvulo no útero
Pílula do dia seguinte - Aceitam, porque a pílula do dia seguinte atua justamente impedindo que o óvulo se fixe no útero. Portanto, as três correntes acreditam que, com este método contraceptivo, a gestação é interrompida antes do início da vida
Pesquisa com células-tronco - Apóiam o estudo de células-tronco embrionárias, porque acreditam que, no momento em que essas células são manipuladas, ainda não há vida. Nos países onde essas pesquisas são liberadas, o embrião deve ser congelado até o quinto dia após a fecundação, ou seja, antes do início da vida, segundo as três correntes
Linhas de pensamento - Pronto para sobreviver
Quando começa a vida? - Por volta do quinto mês de gestação, quando o embrião já tem todos os órgãos minimamente desenvolvidos, possibilitando que ele viva fora do útero
Opinião em relação ao aborto - Aceita o aborto. "Impedir que a mulher decida se quer ou não ser mãe não é uma atitude sensata", diz o geneticista Walter Pinto, que defende esta corrente
Pílula do dia seguinte - Aceitam, porque a pílula do dia seguinte atua justamente impedindo que o óvulo se fixe no útero. Portanto, as três correntes acreditam que, com este método contraceptivo, a gestação é interrompida antes do início da vida
Pesquisa com células-tronco - Apóiam o estudo de células-tronco embrionárias, porque acreditam que, no momento em que essas células são manipuladas, ainda não há vida. Nos países onde essas pesquisas são liberadas, o embrião deve ser congelado até o quinto dia após a fecundação, ou seja, antes do início da vida, segundo as três correntes.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Quanto tempo vão durar as pegadas do homem na Lua?



         Em teoria, elas durariam milhões de anos, pois, como não há atmosfera na Lua, por lá não ocorre erosão, seja pelo vento, seja pela chuva. Acontece que, justamente por não ter atmosfera, a Lua é constantemente bombardeada por meteoritos. Esses meteoritos, por sua vez, podem levantar um monte de poeira no choque com o astro, provocar tremores na crosta, ou mesmo cair em cima das pegadas, o que, obviamente, as desfiguraria. No entanto, não temos como saber se isso já ocorreu ou não, já que nenhuma missão retornou ao lugar onde, em 20 de julho de 1969, os astronautas americanos Neil Armstrong e Edwin Aldrin deixaram a marca de suas pisadas. Outro possível "apagador" das pegadas seria a erosão provocada por ventos solares - mas isso somente em uma escala de tempo extremamente longa e difícil de prever. Ou seja, qualquer tentativa de cálculo seria unicamente na base do "chutômetro". Ah, e detalhe: as marcas de que estamos falando são aquelas deixadas longe do módulo de pouso do foguete. As que estão - ou estavam - próximas provavelmente foram apagadas pelo jato de propulsão da nave com que os astronautas retornaram à Terra. 

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Quais foram as provas mais bizarras da história das Olimpíadas?


e

Ver quem consegue prender a respiração mais tempo. Subir numa corda. Brincar de cabo-de-guerra. Você escolhe, já que o menu é farto. Dezenas de modalidades foram entrando e saindo dos Jogos Olímpicos nos últimos 108 anos, claro. Mas nas primeiras edições os países-sede tinham permissão para incluir praticamente o que quisessem. Aí não faltaram aberrações: em 1908, uma corrida de lanchas no Tâmisa, em Londres, valeu medalha. Em 1900, Paris viu uma competição de mergulho em distância no programa olímpico. No quesito esportes coletivos, os Estados Unidos ganham o troféu de criatividade: incluíram um jogo chamado lacrosse, inventado por índios canadenses, nos Jogos de 1904. Nesse esporte, a bola é carregada em uma cesta de couro que fica na ponta de um taco. Seria até interessante, se não fosse praticado basicamente só pelos índios. Como era de se esperar, só apareceram três times para jogar. Foi certamente a medalha de bronze mais fácil da história. Hoje, com a transmissão ao vivo para o mundo todo, o Comitê Olímpico Internacional prioriza esportes conhecidos em pelo menos algumas dezenas de países. A gincana acabou.
Acredite se quiserModalidades do fundo do baú já valeram ouro
Tiro ao pombo - Paris-1900
Hoje daria cadeia. Mas já deu medalha. Ganhava quem matasse mais aves em menos tempo. Os três primeiros colocados, sozinhos, abateram quase 80 pombos. Ao longo dos Jogos, foram mais ou menos 300 vítimas
Nado submarino - Paris-1900
O rio Sena viu de tudo. Nessa, o pessoal nadava sem levantar a cabeça para respirar. Cada metro valia um ponto, e cada segundo sob a água dava um ponto extra. O vencedor nadou 60 metros em pouco mais de 1 minuto
Levantamento de peso com uma mão - Atenas-1896 e Saint Louis-1904
A regra era erguer acima da cabeça. E o inglês Launceston Elliot levou o ouro em 1896 com a marca de 70 quilos. Em 1904, as regras mudaram: ganhava quem conseguisse levantar o mesmo peso pelo menos 10 vezes
Cabo-de-guerra - Paris-1900 a Antuérpia-20
Antes de ir para o limbo dos pátios de pré-primário, era disputado por dois times de seis atletas. A equipe que deslocasse a outra por 1,85 metro ganhava. Hoje a regra prevê oito integrantes. É isso aí: ainda existe até regra oficial
Subida na corda - Paris-1900 a Los Angeles-32
O objetivo era subir numa corda de 10 metros no menor tempo. O baixo número de atletas fez o COI descartar a prova, mas o nível técnico era bom: na última competição, o vencedor escalou em 6,7 segundos! Ia arrasar nas festas juninas.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Como é feita uma autópsia?


        Pela abertura de três cavidades do corpo: crânio, tórax e abdome. Um médico-legista analisa os órgãos de cada região para descobrir as circunstâncias e as causas da morte. Três situações exigem esse tipo de exame: morte violenta ou suspeita, quando o corpo é levado para o Instituto Médico Legal (IML); morte natural em que faltou assistência médica ou por doença sem explicação, que fica a cargo do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO); ou quando a doença é rara e precisa ser estudada, mais comum em hospitais acadêmicos. Apesar de o processo ser conhecido popularmente como autópsia, o termo correto é necropsia – uma vez que “auto” indica que você faria o exame em si mesmo.


INDÍCIOS DE MORTE
Como identificar as causas do óbito pela aparência de um órgão
- Pus no pulmão indica pneumonia. A doença pode ter sido causada pelo entubamento em um paciente que ficou internado por muito tempo.
- Pulmões inchados, cheios de pintas vermelhas e face arroxeada indicam asfixia. No caso de afogamento, eles também ficam cheios de água
- Massa encefálica espalhada é um sinal de fratura no crânio, que pode ser resultado de algum tipo de golpe na cabeça,como uma machadada
- Órgãos pálidos representam grande perda de sangue devido a uma hemorragia. Pode ser a consequência de um ferimento a bala no coração, por exemplo
CORTE A CORTE
Os procedimentos e o trabalho dos legistas em uma vítima de morte violenta
1. Após o reconhecimento da família, o corpo é identificado com um número que remete a documentos como o RG e o Boletim de Ocorrência. Roupas e projéteis são enviados para o Instituto de Criminalística, da Polícia Científica, que faz perícias em locais e objetos. O cadáver é pesado e lavado com água e sabão
2. Na sala de necropsia, o exame começa com a análise externa do corpo. Médico e auxiliar procuram furos de bala, lesões e até sinais que identificam o morto, como uma tatuagem ou uma cicatriz. Todos os detalhes são anotados e farão parte de um documento emitido pelo IML
3. “O próximo passo é o exame interno, pela abertura das cavidades do cadáver e pelo exame minucioso de suas vísceras”, conta Roberto Souza Camargo, diretor do IML de São Paulo. Com um rasgo que vai do pescoço aopúbis e que pode ter formato de Y, de T ou de I, o legista tem acesso à caixa torácica e ao abdome
4. Os órgãos agredidos que podem ajudar na descoberta da causa da morte são retirados e examinados – como um coração esfaqueado ou o estômago, no casode envenenamento. É feita tanto uma análise geral quanto microscópica e os resultados são combinados no relatório final
5. Depois dos órgãos do tórax, o médico corta o couro cabeludo de uma orelha a outra para remover o cérebro. A tampa do crânio é retirada com uma serra elétrica, mas o cérebro só pode ser arrancado se todos os nervos que o conectam ao corpo são cortados – entre eles, os nervos ópticos, ligados aos olhos
6. Ao final da análise, os órgãos são reinseridos e o corpo é fechado. Os pequenos pedaços utilizados em exames são incinerados. O legista usa uma costura contínua, que tem um ponto inicial e segue do começo ao fi m dos cortes. Cabelos e roupas escondem as suturas durante o enterro
7. O processo inteiro, da chegada à liberação do corpo, dura de quatro a oito horas. A necropsia leva entre duas e três horas.Ao fim do exame, o IML emite uma Declaração de Óbito, com a identificação e o motivo da morte. Com esse documento, a família consegue retirar a Certidão de Óbito em um cartório.
Para ser médicolegista é preciso formar-se em medicina e prestar concurso público.
O IML não mexe só com mortos. Em São Paulo, boa parte dos atendimentos (92%) é feita com gente viva, como vítimas de agressões, acidentes de trânsito e de trabalho.
FONTES: Roberto Souza Camargo, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do IML de São Paulo; Karla Campos, perita criminal, assistente técnica do superintendente da Polícia Científi ca de São Paulo; Flávio de Oliveira Lima, professor da Faculdade de Medicina da Unesp e responsável pelo Serviço de Verifi cação de Óbitos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Unesp; Ministério da Saúde; Manual de Medicina Legal, de Delton Croce

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O papa-léguas existe de verdade?


           Existe, sim, e tem várias semelhanças com o simpático personagem da TV. Assim como no famoso desenho animado, o papa-léguas de verdade vive nos desertos dos Estados Unidos, especialmente na Califórnia. Seu nome científico é Geococcyx californianus. Ele pertence a uma família de aves de aspecto curioso chamada cuckoo, que só tem outro integrante, o Geococyx velox. Conhecido entre os americanos como roadrunner ("corredor das estradas"), o papa-léguas mede cerca de 50 centímetros, tem pernas longas, plumagem marrom-oliva e branca e uma longa cauda escura. Na aridez do deserto, ele encontra sustento alimentando-se de insetos, lagartos, escorpiões e serpentes venenosas. Apesar de ser capaz de voar, ele passa a maior parte do tempo no chão. Isso acontece porque o bichão tem um vôo pra lá de desengonçado e bem pouco funcional. Para compensar essa falta de habilidade aérea, o papa-léguas é muito ágil com as pernas, chegando a correr a até 30 km/h. Para atingir essa velocidade, ele mantém a cabeça e a cauda alinhadas com o corpo e paralelas ao chão. Adivinha por que ele corre tanto? Se você é fã do desenho, deve ter acertado: o papa-léguas dá esse gás todo para escapar das perseguições do coiote, uma espécie de lobo americano encontrado do Alasca até a América Central. Além dos coiotes, outros bichos também adoram almoçar o papa-léguas como prato principal. Entre esses comilões destacam-se os falcões, corvos, guaxinins e cobras.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O que é a lenda do Santo Graal?



             É uma lenda que atribui poderes divinos a um cálice sagrado, que teria sido usado por Jesus na última ceia. Essa, porém, é uma versão medieval de um mito que surgiu muito antes da Era Cristã. Na Antiguidade, os celtas - povo saído do centro-sul da Europa e que se espalhou pelo continente - possuíam um mito sobre uma vasilha mágica. Os alimentos colocados nela, quando consumidos, adquiriam o sabor daquilo que a pessoa mais gostava e ainda lhe davam força e vigor. É provável que, na Idade Média, tal história tenha inspirado a lenda "cristianizada" sobre o Santo Graal. Na literatura, os registros pioneiros dessa fusão entre a mitologia celta e a ideologia cristã são do século 12. "As lendas orais migraram para textos de cunho historiográfico, desses textos para versos e dos versos para um ciclo em prosa", diz o filólogo Heitor Megale, da Universidade de São Paulo (USP), organizador do livro A Demanda do Santo Graal, que esmiúça esse tema. Ainda no final do século 12, o escritor francês Chrétien de Troyes foi o primeiro a usar a lenda do cálice sagrado nas histórias medievais que falavam sobre as aventuras do rei Artur na Inglaterra. A partir daí, outros autores, como o poeta francês Robert de Boron, no século 13, reforçaram a ligação entre os mitos do cálice e do rei Artur descrevendo, por exemplo, como o Santo Graal teria chegado à Europa. Foi Boron quem acrescentou um outro nome importante nessa história: o personagem bíblico José de Arimatéia. Nos romances de Boron, Arimatéia é encarregado de guardar e proteger o Santo Graal. Apesar das várias referências cristãs, essas histórias não são levadas a sério pela Igreja Católica. "O cálice da Santa Ceia tem o valor simbólico da celebração da eucaristia. Já seu poder mágico é só uma lenda", diz o teólogo Rafael Rodrigues Silva, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Poderosa ou não, o fato é que essa relíquia cristã jamais foi encontrada de fato.
A jornada do cáliceRomances medievais contam que, de Jerusalém, ele teria sido levado para a Inglaterra
1. Em Jerusalém, durante a última ceia com os 12 apóstolos, Jesus Cristo converte o pão e o vinho em seu corpo e seu sangue - esse sacramento, denominado eucaristia, é um dos pontos máximos dos rituais cristãos. O cálice usado por Cristo nessa ocasião é o chamado Santo Graal
2. Após a última ceia, Jesus é preso e crucificado. Um judeu rico que era seu seguidor, José de Arimatéia, pede autorização para recolher o corpo e sepultá-lo. Antes, porém, um soldado romano fere o corpo de Cristo para ter certeza de sua morte. Com o mesmo cálice usado por Jesus na última ceia, José de Arimatéia recolhe o sangue sagrado que escorre pelo ferimento
3. Após sepultar o corpo de Cristo, José de Arimatéia é visto como seu discípulo e acaba preso, sendo recolhido a uma cela sem janelas. Todos os dias uma pomba se materializa no local e o alimenta com uma hóstia. Mesmo após ser libertado, Arimatéia decide fugir de Jerusalém e ruma para a atual Inglaterra na companhia de outros seguidores do cristianismo. Ele cruza a Europa levando o Graal
4. José de Arimatéia funda a primeira congregação cristã da Grã-Bretanha, onde se localiza a atual cidade de Glastonbury. Nos romances medievais, nessa mesma região ficava Avalon, o lugar mítico que guardaria depois o corpo do rei Artur. Arimatéia prepara uma linhagem de guardiães do Santo Graal, pois o cálice dá superpoderes a quem o possui. Seu primeiro sucessor nessa missão é seu próprio genro, Bron
5. Com o tempo, o Santo Graal e seus guardiães se perdem no anonimato. Quem tenta reencontrar o objeto é justamente o rei Artur, que tem uma visão indicando que só o cálice sagrado poderia salvar sua vida e também o seu reino de Camelot - que ficaria onde hoje há a cidade de Caerleon, no País de Gales. Leais companheiros de Artur, os cavaleiros da Távola Redonda saem em busca do cálice, sem jamais encontrá-lo
Monarca fictícioHistórias sobre o rei Artur se popularizaram no século 12
A cultura celta foi o ponto de partida não só do mito sobre o cálice sagrado, como também do personagem que tornou o Santo Graal popular no mundo inteiro. A criação do lendário rei Artur pode ter sido inspirada num homem de verdade, um líder celta, que teria vivido na Inglaterra por volta do século 5. Mas foi só a partir do século 12 que os primeiros textos com as aventuras de Artur e sua busca pelo Graal fizeram sucesso.
Formas imagináriasO objeto já foi descrito das mais diferentes maneiras
Simples e redondo
A primeira vez que ele aparece num romance medieval é em Le Conte du Graal ("O Conto do Graal"), do francês Chrétien de Troyes, no século 12. Ele é descrito não como um cálice, mas como uma tigela redonda e simples
Luxuoso e talhado
Em outros textos, que permanecem de autoria desconhecida e são datados entre os séculos 12 e 13, o Graal aparece na forma de um cálice bastante luxuoso, talhado em 144 facetas incrustadas de esmeraldas
Divino e intocável
Em The Queste Del Saint Graal ("A Busca do Santo Graal"), texto do século 13 creditado ao francês Robert de Boron, o cálice é descrito como um objeto divino sem forma. Somente alguém puro e casto poderia tocá-lo